O número de pacientes com diagnóstico confirmado para covid-19 em UTIs de Porto Alegre, nesta quarta-feira (22), foi o mais baixo registrado em quase três semanas de luta contra a pandemia.
Este dado confirma uma tendência de recuo nas internações em centros de terapia intensiva que começou a ganhar força na metade deste mês. O resultado é visto como uma das consequências positivas do distanciamento social adotado na Capital e em cidades próximas.
O sistema informatizado de monitoramento mantido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) indicava, na tarde desta quarta, que havia 29 pacientes com exame positivo para coronavírus em estado grave na cidade. Somente no dia 2 de abril havia sido registrado um número tão baixo de doentes em tratamento nas UTIs, quando foram notificadas 26 pessoas.
Quando se somam a essas internações o universo de pacientes sob suspeita, o número de leitos ocupados que têm alguma relação com a covid-19 chega a 48 — isso representa uma taxa de ocupação de 8,6% dos 560 leitos para adultos no SUS e na rede privada considerados operacionais pela prefeitura (que podem receber pacientes com coronavírus, excluídas alas voltadas a situações específicas, como queimaduras ou transplantes, por exemplo).
Mesmo por esse critério, mantém-se a tendência de baixa nas internações com alguma relação com o novo vírus nos hospitais de Porto Alegre. Uma semana atrás, esse índice estava em 10,2% e, no período imediatamente anterior, em 11,2%.
— Certamente, a estratégia do distanciamento em tempo adequado, antes que saísse do controle, favoreceu o momento atual e possibilitará uma futura reabertura gradual e controlada — avalia o diretor geral de Regulação da SMS, Jorge Osório.
Como o cenário pode mudar em pouco tempo, Osório evita um otimismo exagerado e prefere avaliar que a Capital segue em um “panorama estável, com pequenas oscilações”. Somados todos os pacientes em leitos operacionais de UTI na cidade, incluindo casos sem relação com o coronavírus, a taxa de ocupação estava em 65% — também sem grandes alterações nas últimas semanas.
Durante esse período em que a situação nos hospitais se equilibrou, já foi possível ampliar a oferta de leitos de tratamento intensivo de 525 para 560. Um dos objetivos do distanciamento é justamente ganhar tempo para a melhoria na rede de atendimento. O Hospital de Clínicas já entregou 10 dessas novas vagas, mas tem plano para ampliar esse número para 105 até o começo do inverno, apesar de dificuldades generalizadas no país, hoje, para a obtenção de equipamentos como respiradores artificiais. O plano de contingência da prefeitura prevê a oferta de até 383 leitos do SUS para receber pacientes graves com a covid-19 caso necessário.
Projeção da Secretaria de Saúde mostra curva em baixa
A Secretaria Municipal de Saúde tem realizado projeções periódicas de como pode evoluir o número de casos graves de covid-19 na Capital com base apenas nos últimos sete dias. No final da semana passada, esta estimativa já demonstrava que, mantidos os números de internações daquele período, a tendência nas semanas seguintes era de que a quantidade de pacientes com coronavírus nas UTIs iria diminuir em vez de aumentar. Isso se confirmou até o momento, e as novas projeções, atualizadas até a última terça-feira, indicam que essa tendência se intensificou. A situação seria bem mais preocupante se os casos seguissem aumentando, mesmo que em ritmo moderado. Se o número de pacientes dobrasse a cada 10 dias, por exemplo, todos os 174 leitos do SUS previstos pela SMS para a primeira fase de enfrentamento da pandemia estariam ocupados já no começo de junho. Por enquanto, a população metropolitana conseguiu adiar essa data por tempo indeterminado.
Fonte: Gaúcha ZH