Depois da reviravolta em relação à compra de doses da vacina contra o coronavírus desenvolvida pela chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, o Brasil deve contar, em um primeiro momento, apenas com as doses da AstraZeneca/Oxford e da iniciativa Covax.
Somadas, são 140 milhões de doses que, conforme estimativa do Ministério da Saúde, devem ser disponibilizadas ainda no primeiro semestre de 2021. Para o segundo semestre do ano, há previsão de mais 110 milhões de doses do imunizante de Oxford. Os primeiros a receberem a vacina, de acordo com o que foi divulgado, serão pessoas do grupo de risco e profissionais da saúde.
Na corrida pela imunização, países investem pesado em acordos de compra de vacinas ainda durante a fase de estudos. Com investimentos de bilhões de dólares, Estados Unidos e Reino Unido despontam como os primeiros da fila para receberem as doses, tão logo elas tenham eficácia e segurança comprovadas. Ambos também já têm um esboço de como pretendem distribuir as vacinas. Leia mais:
Estados Unidos
Com mais de 200 mil mortes por coronavírus, os Estados Unidos adotaram uma política agressiva na corrida em busca de vacinas contra a covid-19. Até agora, o governo de Donald Trump já investiu mais de US$ 10 bilhões em acordos para garantir imunizantes para população. Na prática, isso representa cerca de 700 milhões de doses para uma nação que tem mais de 300 milhões de habitantes. O país tem parcerias com AstraZeneca, Moderna, Pfizer, Sanofi/GSK e Novavax e Janssen.
De acordo com uma reportagem publicada no site do jornal The New York Times (NYT) em 15 de outubro, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, da sigla em inglês) já tem o planejamento sobre como funcionará a imunização com as vacinas que foram referidas apenas como “A” e “B”, sem detalhar os laboratórios. Pelas características apresentadas pelo plano, o NYT especula que se tratem das doses em teste no país das farmacêuticas Moderna e Pfizer, ambas na última fase de estudos.
Ainda segundo a publicação, o CDC teria dito que doses limitadas da vacina poderiam estar disponíveis a partir do fim de outubro ou novembro. O órgão norte-americano estima 2 milhões de doses da “vacina A” — que conforme informações seria compatível com a desenvolvida pela Pfizer — no fim deste mês, 10 a 20 milhões possivelmente disponíveis até novembro e de 20 a 30 milhões de doses no fim dezembro. Já a “vacina B” — compatível com a da Moderna — , teria 1 milhão de doses em outubro, 10 milhões em novembro e 15 milhões em dezembro. Os dois imunizantes requerem duas doses para garantir sua eficácia.
A vacinação será prioritária, conforme o CDC, para profissionais da saúde, trabalhadores essenciais (policiais e funcionários de indústrias de alimentos, por exemplo), “populações de segurança nacional” e trabalhadores e residentes de locais de longa permanência, como lares de idosos. No país, existem cerca de 20 milhões de profissionais da saúde, entre 60 milhões e 80 milhões de trabalhadores essenciais e aproximadamente 53 milhões de pessoas com mais de 65 anos.
A US National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine (NASEM) elaborou um relatório, divulgado no começo de outubro, com recomendações para a imunização no país em quatro fases. Na etapa 1a, que representaria 5% da população, a indicação é vacinar profissionais da saúde (de hospitais, lares de idosos ou que prestam cuidados domiciliares) e trabalhadores que prestam serviços de assistência médica, como transporte. Na fase seguinte, a 1b, que abrangeria cerca de 10% da população, seriam incluídas pessoas com comorbidades, com condições subjacentes (como câncer, por exemplo) e idosos com mais de 65 anos que vivem ambientes lotados, como asilos e prisões.
Nas fases 2 e 3, que abrangem entre 70% e 80% da população, seria a vez de professores, trabalhadores do sistema de abastecimento de alimentos e transporte público, jovens adultos e crianças, entre outros. Na fase 4, a imunização ocorreria para todos os grupos que não receberam as doses nas etapas anteriores.
Reino Unido
Totalizando mais de 44 mil mortes, o Reino Unido também investe pesado na compra de vacinas contra a covid-19. Ainda que tenha uma população com pouco mais de 66 milhões de habitantes, o país também tem acordos com seis farmacêuticas: AstraZeneca, Janssen, Pfizer, Sanofi/GSK, Novavax e Valneva.
Os grupos prioritários, conforme artigo publicado no site do governo, seriam, primeiro, idosos residentes de asilos e profissionais da saúde que atuam nesses locais, seguidos de pessoas acima de 80 anos e profissionais da saúde. Na sequência, haverá redução de cinco anos em cada faixa de indivíduos, até chegar aos 65 anos. Na última fase, seriam vacinadas pessoas não contempladas nas etapas anteriores.
União Europeia
O bloco tem, oficialmente, acordos assinados com AstraZeneca, Sanofi/GSK e Janssen. Um documento da Comissão Europeia, publicado em 15 de outubro, afirma que já foram asseguradas 300 milhões de doses da AstraZeneca, 200 milhões da Janssen e uma opção de compra para 300 milhões de doses da Sanofi/GSK. A definição de prioridade de imunização será feita em cada membro do bloco, desde que siga dois critérios: proteger os mais vulneráveis e reduzir/parar a disseminação da doença.
Vacinas chinesas
Além do Brasil, países como Argentina, Turquia e Indonésia também testam imunizantes desenvolvidos por farmacêuticas chinesas. Uma matéria publicada no site do periódico Nature afirma que o país asiático já se comprometeu a tornar as vacinas produzidas em seu território acessíveis para nações como Filipinas, Camboja e Vietnã, além de algumas africanas e da América Latina.
Fonte: Gaúcha ZH