A utilização de respiradores entre pacientes com confirmação ou suspeita de covid-19 na Serra dobrou em 15 dias. Em 7 de fevereiro, eram 80 utilizados contra 161 no domingo (21). Esse tipo de intervenção é aplicada em casos de infecção por coronavírus, com agravamento do quadro. O levantamento foi feito pelo cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt a partir de números publicados pelo Estado. No total, segundo o governo, a região tem 299 respiradores em UTIs e 853 em outras áreas hospitalares.
O coordenador da Rede Análise Covid-19 vem fazendo reiterados alertas para o aumento preocupante de casos em todo o país, inclusive na Serra gaúcha, onde mora. Na segunda-feira (22), depois da divulgação da manutenção do modelo de cogestão, ele fez um desabafo no Twitter em que se diz exausto pelo agravamento da pandemia mesmo com a previsibilidade de cenários por meio da avaliação de dados. Cita ainda exemplos práticos de situações problemáticas enfrentadas no mundo, como em Manaus e no Reino Unido.
Para Schrarstzhaupt, é preciso que sejam adotadas medidas de restrição de mobilidade, pelo Estado ou, no modelo de cogestão, pelos municípios. O cientista, que vem acompanhando a situação mundial, se baseia em estudos científicos para afirmar que a contenção de casos é o melhor cenário para a saúde pública e também para a recuperação da economia.
— A gente tem que ter o maior nível de restrições de mobilidade possível para frear o contágio. Se a gente não frear o contágio, a gente vai ter um prejuízo muito maior tanto de saúde pública quanto de economia lá na frente. Um dos exemplos que a gente pode ter é dezembro, que foi um dos piores dezembros dos últimos anos e estava tudo aberto para a gente fazer as compras de Natal. E não foi nem perto de um dezembro ideal de férias, porque as pessoas percebem que, infelizmente, a gente está na pandemia. Existem vários estudos que mostram que quanto antes tu se livrar do contágio, aí sim a economia volta a pleno.
Os dados analisados pelo cientista mostram ainda que as últimas duas semanas foram de aumento de internações em UTI por confirmação ou suspeita de covid e redução de leitos livres na rede de terapia intensiva regional.
Situação nos hospitais
Médicos que atuam na linha de frente do combate à covid-19 também manifestam preocupação sobre o momento da pandemia. No Hospital da Unimed, o número de leitos de UTI mais que dobrou desde o início da pandemia: passou de 20 para 45. Mesmo assim, não tem sido suficiente para garantir um cenário de assistência confortável. O médico Vinicius Lain, diretor técnico do Complexo Hospitalar da Unimed, conta que há falta de disponibilidade para a contratação de profissionais da saúde.
— A gente tem um hospital colapsado. A situação é extremamente crítica.
A prefeitura de Caxias do Sul divulgou nesta terça-feira que a ocupação de UTIs chegou a 95% no SUS e que tenta comprar vagas na rede privada.
Fonte: Gaúcha ZH